quarta-feira, 4 de julho de 2012

Deficiência Visual


A deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, da visão o seu nível de acuidade visual pode variar, o que determina dois grupos de deficiência:

A Cegueira que é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Pode ocorrer desde o nascimento (cegueira congênita), ou posteriormente (cegueira adventícia, usualmente conhecida como adquirida) em decorrência de causas orgânicas ou acidentais.
Em alguns casos, a cegueira pode associar-se à perda da audição (surdo cegueira) ou a outras deficiências. Muitas vezes, a perda da visão ocasiona a extirpação do globo ocular e a consequente necessidade de uso de próteses oculares em um dos olhos ou em ambos. Se a falta da visão afetar apenas um dos olhos (visão monocular), o outro assumirá as funções visuais sem causar transtornos significativos no que diz respeito ao uso satisfatório e eficiente da visão.

A Baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) sua definição é complexa devido à variedade e à intensidade de comprometimentos das funções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a execução de tarefas e o desempenho geral. Em muitos casos, observa-se o nistagmo (movimento rápido e involuntário dos olhos) que causa uma redução da acuidade visual e fadiga durante a leitura, é o que se verifica, por exemplo, no albinismo. Uma pessoa com baixa visão apresenta grande oscilação de sua condição visual de acordo com o seu estado emocional, as circunstâncias e a posição em que se encontra, dependendo das condições de iluminação natural ou artificial. Trata-se de uma situação angustiante para o indivíduo e para quem lida com ele tal é a complexidade dos fatores e contingências que influenciam nessa condição sensorial.


Processo de aprendizagem


O aprendizado da pessoa com deficiência visual é completo e significativo a partir da possibilidade de coleta de informações transmitidas por meio dos sentidos remanescentes (a audição, o tato, o paladar e o olfato) que são importantes canais ou portas de entradas de dados e informações que serão levados ao cérebro, a linguagem amplia o desenvolvimento cognitivo porque favorece o relacionamento e proporciona os meios de controle do que está fora de alcance pela falta da visão.
A compreensão de fenômenos relacionados ao conhecer não se encontra apenas relacionada com o sentido visão, mas, com a relação entre o conjunto de sensações próprias do ser humano e a capacidade que o mesmo tem de interpretá-las, assim a construção da percepção não depende exclusivamente de aspectos visuais.
A cegueira traz uma limitação importante no processo de ensino e aprendizagem, com isso as práticas educativas devem ser pensadas de forma a contemplar as peculiaridades do deficiente visual através de vias alternativas, nesse caso o tato ocupa um papel fundamental no processo de aprendizagem porque é o "O sistema sensorial mais importante que a pessoa cega possui, para conhecer o mundo, é o sistema háptico ou o tato ativo" (OCHAITA; ROSA, 1995, p. 184).
Para Vygotsky o conhecimento ocorre através da interação entre o sujeito e o meio social onde vive assim a aprendizagem e o desenvolvimento da pessoa com deficiência visual começa desde o seu nascimento. No processo de construção do conhecimento o aluno com deficiência visual necessita da integração com videntes no processo escolar para que o seu processo dialético não fique comprometido.
Então, conclui-se que a pessoa com deficiência visual tem as mesmas possibilidades de organizar dados e informações que qualquer outra pessoa, desde que esteja aberta para o mundo em seu modo próprio de perceber e relacionar-se.  

Sistema Braille


Criado por Louis Braille, em 1825, na França, o sistema braille é conhecido  universalmente como código ou meio de leitura e escrita das pessoas cegas. Baseia-se na combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto, os números e outros símbolos gráficos. A combinação dos pontos é obtida pela disposição de seis pontos básicos, organizados espacialmente em duas colunas verticais com três pontos à direita e três à esquerda de uma cela básica denominada cela braille.



A escrita braille é realizada por meio de uma reglete e punção ou de uma máquina de escrever braille. A reglete é uma régua de madeira, metal ou plástico com um conjunto de celas braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana. O punção é um instrumento em madeira ou plástico no formato de pera ou anatômico, com ponta metálica, utilizado para a perfuração dos pontos na cela braille. O movimento de perfuração deve ser realizado da direita para a esquerda para produzir a escrita em relevo de forma não espelhada. Já a leitura é realizada da esquerda para a direita. Esse processo de escrita tem a desvantagem de ser lento devido à perfuração de cada ponto, exige boa coordenação motora e dificulta a correção de erros.


A máquina de escrever tem seis teclas básicas correspondentes aos pontos da cela braille. O toque simultâneo de uma combinação de teclas produz os pontos que correspondem aos sinais e símbolo desejados. É um mecanismo de escrita mais rápido, prático e eficiente.



A escrita em relevo e a leitura tátil baseiam-se em componentes específicos no que diz respeito ao movimento das mãos, mudança de linha, adequação da postura e manuseio do papel. Esse processo requer o desenvolvimento de habilidades do tato que envolve conceitos espaciais e numéricos, sensibilidade, destreza motora, coordenação bimanual, discriminação, dentre outros aspectos. Por isso, o aprendizado do sistema braille deve ser realizado em condições adequadas, de forma simultânea e complementar ao processo de alfabetização dos alunos cegos.



Outros recursos de ensino


                                                                          Sorobã

Instrumento utilizado para trabalhar cálculos e operações matemáticas; espécie de ábaco que contém cinco contas em cada eixo e borracha compressora para deixar as contas fixas.


                                                              Livro didático adaptado


Para as pessoas que apresentam visão reduzida, os livros didáticos devem possuir: quantidade dosada de exercícios em cada página, desenhos objetivos, tamanho ampliado das letras e contraste entre as cores. Logo, quando se escolhe um livro para esse público, estes critérios devem ser observados.




No caso em que existe deficiência visual, os livros utilizados devem estar transcritos em Braille; deve-se ter cuidado para que o conteúdo, uma vez transcrito, não seja modificado ou deturpado.



                                                                    Livro falado


O livro falado é gravado em CDs, esse recurso é muito utilizado no Brasil, tido como excelente recurso didático.



                                                                       Dosvox


É destinado ao auxílio de deficientes visuais no uso do computador; o sistema conversa com o deficiente visual em português. Além de ampliar as telas para pessoas com visão reduzida, ele contém ainda programas para educação de crianças com deficiência visual e programas sonoros para acesso à internet. A comunicação entre o usuário e o sistema é realizada através de um sintetizador de baixo custo.

VIRTUAL VISION



É um software brasileiro desenvolvido pela Micropower, em São Paulo, concebido para operar com os utilitários e as ferramentas do ambiente Windows. É distribuído gratuitamente pela Fundação Bradesco e Banco Real para usuários cegos. No mais, é comercializado.



JAWS



Software desenvolvido nos Estados Unidos e mundialmente conhecido como o leitor de tela mais completo e avançado. Possui uma ampla gama de recursos e ferramentas com tradução para diversos idiomas, inclusive para o português. No Brasil, não há alternativa de subvenção ou distribuição gratuita do Jaws, que é o mais caro entre os leitores de tela existentes no momento.

Compensação e o Processo de Inclusão

Compensação 


O conceito de compensação para Vygotsky está relacionado com a ativação de vias alternativas para compensar o órgão com deficiência, sendo assim à pessoa com deficiência ela não possui os seus outros sentidos mais sensíveis por modo de compensação biológica automática mais sim pela exercitação dos mesmos, por esse meio a pessoa com deficiência desenvolve processos compensatórios para superar as suas limitações.



Processo de Inclusão 

A inclusão do aluno com deficiência visual deve ser feita de forma responsável. Não basta adaptar as instituições e colocar o aluno lá dentro, são necessários profissionais qualificados para dar suporte a esse aluno e materiais adaptados para o mesmo. A inclusão para Vygotsky é de fundamental importância, pois o aluno com deficiência visual torna o seu conhecimento mais amplo quando matem contado com alunos videntes. A função social da escola deve ser extensiva ao aluno com deficiência visual de igual medida e qualidade disponibilizada aos demais alunos e deve ter o seu trabalho mantido em conjunto com a escola especial para que o professor possa ter um auxilio em seu trabalho pedagógico. 

Deficientes visuais e a sexualidade


Apesar de não poderem enxergar as mudanças que ocorrem em seu corpo, o adolescente com deficiência visual percebe que está crescendo e que seu corpo se modifica, começa a notar estruturas que antes não possuíam. O corpo do outro é um mistério para o deficiente visual e muitas vezes esse mistério só é desvendado com a experiência sexual. Pela cultura sexual de massa ser quase restrita ao visual o deficiente visual perde muito nesse sentido, pois faltam no Brasil programas de educação sexual voltadas para os deficientes visuais, já que esses indivíduos não podem aprender por imitação, o ideal seria que todos os movimentos fossem demonstrados e com eles realizados para dessa forma explorar os sentidos remanescentes do deficiente visual. O preparo do jovem para uma vida sexual saudável requer planejamento por parte dos profissionais da saúde e da educação de modo que o sexo seja compreendido como uma das expressões que envolva de afeto, sentidos, desejos, comunicação, descoberta e criação. 

INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT



            Fundado em 12 de setembro de 1854 por Dom Pedro II através do Decreto Imperial nº 1.428, para cuidar da educação de crianças com deficiência visual. Nesta época chamava-se Imperial Instituto dos Meninos Cegos, mudou de nome por causa da Proclamação da República em 1891 para Instituto Benjamin Constant (IBC), em homenagem a Benjamin Constant Botelho de Magalhães, terceiro diretor do instituto.                  Seu prédio atual foi construído em etapas, a primeira em 1890, a segunda em 1937 - o que levou a fechar as portas para a construção e foi reaberto em 1944. Em setembro de 1945 criou seu curso ginasial, que veio a ser equiparado ao do Colégio Pedro II em junho de 1946. Foi proporcionado, assim, o ingresso nas escolas secundárias e nas universidades.       O Instituto foi pouco-a-pouco derrubando preconceitos e mostrou que a educação e a profissionalização dos PNEEs não era uma fantasia e que era possível inseri-los no mercado de trabalho, tal como na sociedade, sendo este o maior objetivo do instituto. Hoje, é centro de referência nacional na área da deficiência visual. Possui uma escola, capacita profissionais da área da deficiência visual, assessora escolas e instituições, realiza consultas oftalmológicas à população, reabilita, produz material especializado, impressos em Braille e publicações científicas. Localiza-se no bairro da Urca – Rio de Janeiro – Brasil, para mais informações acesse o site: www.ibc.gov.br.



terça-feira, 3 de julho de 2012

Referências


Atendimento Educacional Especializado. Disponível em: 


Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Disponível em:


Adolescentes portadores de deficiência visual: percepções sobre sexualidade. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692006000200011&lng=es&nrm=iso


PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS NA REDE REGULAR DE ENSINO: CONFECÇÃO E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS ADAPTADOS. Disponível em: http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2003/Processo%20de%20inclusao%20de%20alunos%20deficientes%20visuais.pdf